quarta-feira, 13 de junho de 2018


A visão gerativista de fonemas e traços distintivos no português brasileiro

SEARA, I. C.; NUNES, V. G.; LAZZAROTTO-VOLCÃO, C. Fonologia. In:______. Para conhecer fonética e fonologia do português brasileiro. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2017, p. 131-157.

RIBEIRO, N. M. S. Graduanda em Letras Português/Espanhol pela Universidade de Pernambuco – UPE.

            O capítulo intitulado Traços distintivos: Uma contribuição da fonologia gerativista, pertencente ao livro Para conhecer fonética e fonologia do português brasileiro, das autoras Izabel Christie Seara, Vanessa Gonzaga Nunes e Cristiane Lazzarotto-Volcão, apresenta os conceitos de traços distintivos e a visão gerativista de fonemas dentro do português Brasileiro, o qual é de grande importância para os estudantes de Letras, pois além de ser uma linguagem de bom entendimento, possui informações bastante valiosas para o conhecimento dos mesmos.

            Do início ao fim do capítulo, é perceptível o modo que as autoras se preocupam com a forma que o conteúdo é passado, sempre utilizando exemplos e quadros para auxiliar no entendimento dos leitores, quando abordam um conceito que foi definido em outros capítulos, elas preocupam-se em lembrá-los para que o leitor não se perca durante a leitura. Além disso, ao fim da explanação do assunto, é acrescentado o tópico “Leituras sugeridas”, o que é um ponto positivo, pois propõem aos leitores a opção de abranger o conhecimento sobre o tema e não ficarem apenas no que foi dito na obra.

            O capítulo foi iniciado por uma introdução, apresentando discussões que levaram os fonemas a serem vistos como um feixe de traços distintivos. Logo após, apresentam o que são traços distintivos e que a ideia deles ganha uma grande importância através da Fonologia Gerativa, por isso o capítulo será trabalhado com base em Chomsky e Halle (1968), que descrevem os traços por meio de propriedades articulatórias e não se voltando apenas às variáveis com função distintiva, uma escolha importante das autoras, pois já que eles utilizam termos mais familiares, ajudará o público leitor a compreender esses traços.

            Em seguida, é continuado o assunto dos traços distintivos, as autoras ressaltam a necessidade de entender que os mesmos se tratam sempre de representação, e que o fato da representação fonológica ser mais abstrata que a representação fonética é o que as diferenciam. Além disso, para falar dos traços, é preciso discorrer sobre as propriedades distintivas, as quais são relacionadas a aspectos acústicos, articulatórios ou perceptuais de acordo com a publicação de Jakobson, Fant e Halle (1967) e Chomsky e Halle (1968). Tudo isso bastante esclarecido. Posteriormente, é dito que os traços distintivos são apresentados em formas de matrizes ou árvores, isso em dois níveis: fonológico e fonético. É explicado então que esses traços são binários, um marca a presença (+), e outro a ausência (-) de uma propriedade, as autoras dispõe um exemplo para que os leitores fixem bem toda a teoria. Além disso, ressaltam que para a escolha dos traços distintivos, deve-se respeitar alguns critérios, os quais são explicados em pontos. Sucedendo toda a introdução e teoria, explicando bem os critérios para facilitar o entendimento dos traços, as autoras chegam de fato aos traços distintivos de Chomsky e Halle (1968).

            Primeiramente, apresentam um breve sumário de classificação dos traços distintivos, esse sumário foi outro ponto positivo, pois serve como um guia para situar os leitores sobre a ordem dessa classificação. Acrescentam pontos de referência para a definição dos traços distintivos, são eles: posição neutra e vozeamento espontâneo. Após isso, iniciam à definição dos traços distintivos de fato. Os traços de classes principais são: silábico, consonantal e soante; Os de cavidade: coronal e anterior. Esses se dividindo ainda em Traços de corpo da língua: alto, baixo, recuado e arredondado. E traços de aberturas secundárias: nasal e lateral; Os de modo de articulação: contínuo, soltura retardada e tenso; E os de fonte: vozeado e estridente. Durante a passagem de cada definição vão explicando e abrangendo as informações de forma detalhada e com bastantes exemplos. Ao fim, as autoras inserem duas matrizes de traços reunidos, uma de sons consonantais outra de sons vocálicos segundo Chomsky e Halle, além de um tipo de resumo final ressaltando as partes mais importantes.

            Logo após os traços distintivos, as autoras explicam os processos fonológicos, os quais acontecem quando a aplicação de uma regra altera a representação subjacente, esses processos podem ser classificados em função das alterações que acontecem nos segmentos, para ajudar a melhorar a compreensão deles, as autoras voltam às ideias de Chomsky. Para ele, a fonologia de uma língua particular deve ter caráter geral e preditivo, deve ser possível prever as regras utilizadas pelos falantes que não são imediatamente percebidas. Teorias preditivas como a de Chomsky são altamente valorizadas e de caráter importante para o tipo de assunto abordado no capítulo. São explanados ainda, os objetivos da fonologia Gerativa que são: estabelecer os traços distintivos; definir os tipos de regras das fonologias particulares; determinar os procedimentos e condições de aplicação das regras; elaborar as fonologias particulares e oferecer mecanismos que permitam selecionar as melhores hipóteses. A partir disto, elas apresentam como é realizada a formalização que a Fonologia Gerativa propõe. E que para fazer uma análise fonológica, é necessário recorrer a símbolos, e os colocam em um quadro, junto com exemplos. Elas salientam que para perceber as alterações que ocorrem nos segmentos, deve-se analisar as transcrições fonológicas e fonéticas correspondentes. Os processos fonológicos são classificados em: Assimilação: processo que ocorre quando segmentos diferentes se tornam mais semelhantes, dividido em processo de palatização, labialização, nasalização, vozeamento e processo de harmonia vocálica; Reestruturação silábica; Enfraquecimento e reforço que se divide em apagamento e reforço; E neutralização.

            Após o momento que são determinadas as condições sob as quais acontece um processo fonológico, as autoras adentram na formulação de regras fonológicas de forma sucinta e específica. Além disso, apresentam questões para a formulação das regras, é preciso saber quais segmentos foram modificados, quais modificações sofreram e sob quais condições se modificaram. As regras formuladas a partir das questões são: monotongação, enfraquecimento, assimilição, palatização, labialização, vozeamento, inserção ou epêntese, harmonia vocálica, e sândi externo.

            Portanto, é perceptível que mesmo o capítulo sendo extenso, as autoras organizaram o conteúdo de forma plausível, utilizando exemplos, quadros e resumos, especificando cada conceito com clareza para que os leitores não se percam e não fiquem sem entender o que as mesmas querem transmitir. Como trataram de conceitos fundamentais da fonologia, dos traços distintivos, processos fonológicos, regras fonológicas e afins, não só o capítulo, mas todo o livro é voltado para o público mais especializado na área de letras, como por exemplo, pesquisadores, discentes e docentes.

A visão gerativista de fonemas e traços distintivos no português brasileiro SEARA, I. C.; NUNES, V. G.; LAZZAROTTO-VOLCÃO, C. Fonologia...