A visão gerativista de fonemas e traços distintivos no
português brasileiro
SEARA, I. C.; NUNES, V. G.; LAZZAROTTO-VOLCÃO, C. Fonologia. In:______. Para conhecer fonética e fonologia do português brasileiro. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2017, p. 131-157.
RIBEIRO,
N. M. S. Graduanda em Letras Português/Espanhol pela Universidade de Pernambuco
– UPE.
O capítulo intitulado Traços
distintivos: Uma contribuição da fonologia gerativista, pertencente ao
livro Para conhecer fonética e fonologia
do português brasileiro, das autoras Izabel Christie Seara, Vanessa Gonzaga
Nunes e Cristiane Lazzarotto-Volcão, apresenta os conceitos de traços
distintivos e a visão gerativista de fonemas dentro do português Brasileiro, o
qual é de grande importância para os estudantes de Letras, pois além de ser uma
linguagem de bom entendimento, possui informações bastante valiosas para o
conhecimento dos mesmos.
Do
início ao fim do capítulo, é perceptível o modo que as autoras se preocupam com
a forma que o conteúdo é passado, sempre utilizando exemplos e quadros para
auxiliar no entendimento dos leitores, quando abordam um conceito que foi
definido em outros capítulos, elas preocupam-se em lembrá-los para que o leitor
não se perca durante a leitura. Além disso, ao fim da explanação do assunto, é
acrescentado o tópico “Leituras sugeridas”, o que é um ponto positivo, pois
propõem aos leitores a opção de abranger o conhecimento sobre o tema e não
ficarem apenas no que foi dito na obra.
O
capítulo foi iniciado por uma introdução, apresentando discussões que levaram
os fonemas a serem vistos como um feixe de traços distintivos. Logo após, apresentam
o que são traços distintivos e que a ideia deles ganha uma grande importância
através da Fonologia Gerativa, por isso o capítulo será trabalhado com base em
Chomsky e Halle (1968), que descrevem os traços por meio de propriedades
articulatórias e não se voltando apenas às variáveis com função distintiva, uma
escolha importante das autoras, pois já que eles utilizam termos mais
familiares, ajudará o público leitor a compreender esses traços.
Em
seguida, é continuado o assunto dos traços distintivos, as autoras ressaltam a
necessidade de entender que os mesmos se tratam sempre de representação, e que
o fato da representação fonológica ser mais abstrata que a representação fonética
é o que as diferenciam. Além disso, para falar dos traços, é preciso discorrer
sobre as propriedades distintivas, as quais são relacionadas a aspectos
acústicos, articulatórios ou perceptuais de acordo com a publicação de
Jakobson, Fant e Halle (1967) e Chomsky e Halle (1968). Tudo isso bastante
esclarecido. Posteriormente, é dito que os traços distintivos são apresentados
em formas de matrizes ou árvores, isso em dois níveis: fonológico e fonético. É
explicado então que esses traços são binários, um marca a presença (+), e outro
a ausência (-) de uma propriedade, as autoras dispõe um exemplo para que os
leitores fixem bem toda a teoria. Além disso, ressaltam que para a escolha dos
traços distintivos, deve-se respeitar alguns critérios, os quais são explicados
em pontos. Sucedendo toda a introdução e teoria, explicando bem os critérios
para facilitar o entendimento dos traços, as autoras chegam de fato aos traços
distintivos de Chomsky e Halle (1968).
Primeiramente,
apresentam um breve sumário de classificação dos traços distintivos, esse
sumário foi outro ponto positivo, pois serve como um guia para situar os
leitores sobre a ordem dessa classificação. Acrescentam pontos de referência
para a definição dos traços distintivos, são eles: posição neutra e vozeamento
espontâneo. Após isso, iniciam à definição dos traços distintivos de fato. Os
traços de classes principais são: silábico, consonantal e soante; Os de
cavidade: coronal e anterior. Esses se dividindo ainda em Traços de corpo da
língua: alto, baixo, recuado e arredondado. E traços de aberturas secundárias:
nasal e lateral; Os de modo de articulação: contínuo, soltura retardada e
tenso; E os de fonte: vozeado e estridente. Durante a passagem de cada
definição vão explicando e abrangendo as informações de forma detalhada e com
bastantes exemplos. Ao fim, as autoras inserem duas matrizes de traços
reunidos, uma de sons consonantais outra de sons vocálicos segundo Chomsky e
Halle, além de um tipo de resumo final ressaltando as partes mais importantes.
Logo
após os traços distintivos, as autoras explicam os processos fonológicos, os
quais acontecem quando a aplicação de uma regra altera a representação
subjacente, esses processos podem ser classificados em função das alterações
que acontecem nos segmentos, para ajudar a melhorar a compreensão deles, as
autoras voltam às ideias de Chomsky. Para ele, a fonologia de uma língua
particular deve ter caráter geral e preditivo, deve ser possível prever as
regras utilizadas pelos falantes que não são imediatamente percebidas. Teorias
preditivas como a de Chomsky são altamente valorizadas e de caráter importante
para o tipo de assunto abordado no capítulo. São explanados ainda, os objetivos
da fonologia Gerativa que são: estabelecer os traços distintivos; definir os
tipos de regras das fonologias particulares; determinar os procedimentos e
condições de aplicação das regras; elaborar as fonologias particulares e
oferecer mecanismos que permitam selecionar as melhores hipóteses. A partir
disto, elas apresentam como é realizada a formalização que a Fonologia Gerativa
propõe. E que para fazer uma análise fonológica, é necessário recorrer a
símbolos, e os colocam em um quadro, junto com exemplos. Elas salientam que
para perceber as alterações que ocorrem nos segmentos, deve-se analisar as
transcrições fonológicas e fonéticas correspondentes. Os processos fonológicos
são classificados em: Assimilação: processo que ocorre quando segmentos
diferentes se tornam mais semelhantes, dividido em processo de palatização,
labialização, nasalização, vozeamento e processo de harmonia vocálica;
Reestruturação silábica; Enfraquecimento e reforço que se divide em apagamento
e reforço; E neutralização.
Após
o momento que são determinadas as condições sob as quais acontece um processo
fonológico, as autoras adentram na formulação de regras fonológicas de forma
sucinta e específica. Além disso, apresentam questões para a formulação das regras,
é preciso saber quais segmentos foram modificados, quais modificações sofreram
e sob quais condições se modificaram. As regras formuladas a partir das
questões são: monotongação, enfraquecimento, assimilição, palatização,
labialização, vozeamento, inserção ou epêntese, harmonia vocálica, e sândi
externo.
Portanto,
é perceptível que mesmo o capítulo sendo extenso, as autoras organizaram o
conteúdo de forma plausível, utilizando exemplos, quadros e resumos,
especificando cada conceito com clareza para que os leitores não se percam e
não fiquem sem entender o que as mesmas querem transmitir. Como trataram de
conceitos fundamentais da fonologia, dos traços distintivos, processos
fonológicos, regras fonológicas e afins, não só o capítulo, mas todo o livro é
voltado para o público mais especializado na área de letras, como por exemplo,
pesquisadores, discentes e docentes.